Quem são os fanáticos?
Não escrevo há tanto tempo que tenho a impressão que ninguém vai ler isso mesmo. Fico até aliviado, pois agora virou moda corrigir a crase e o pronome alheio. Como tenho que confiar minha redação numa aulinha de gramática de segundo grau feito em uma escola pública (há mais de dez anos) é melhor saber que tem pouca gente para ficar implicando com meus acentos.
Eu queria mesmo é falar sobre fanatismo. Parece que andou nas bocas nos últimos tempos. Fanatismo religioso nunca esteve tão na moda. Quer dizer, não o fanatismo em si, mas falar mal dele. Mas, pensando bem, onde está o fanatismo religioso? Quem são esses fanáticos? E por que os iluminados querem tanto combate-los?
Para deixar claro, é óbvio que o fanatismo religioso existe. Entre os muçulmanos, ainda é forte, infelizmente. Entre os judeus é menor, mas não podemos esquecer que quem matou Yitzhak Rabin foi um judeu maluco. Não há defesa para esse tipo de coisa. Mas, fora esses exemplos pontuais, onde a gente pode observar esse fanatismo nas religiões ocidentais? Eu tenho uma idéia: no ateísmo militante.
Para começo de conversa (e já escrevi um bocado!) sou agnóstico e nem religião tenho. Mas me afastei do ateísmo militante depois de perceber que os mais fanáticos são exatamente aqueles que carregam a bandeira do antifanatismo religioso. “Não seja fanático” soa, aos meus ouvidos, como “morte aos infiéis!” Por que raios a religião do alheio incomoda tanto esses iluminados do ateísmo militante? Por que tamanha obsessão pelo que os outros fazem com seu tempo ou dinheiro? Não somos todos liberais? Não gostamos tanto de liberdade? E se fulano ou sicrano quiser aceitar os dogmas sem questioná-los, quem os iluminados pensam que são para dizer-lhes que não está correto? Ah, mas os iluminados sabem do que falam, estão apenas tentando levar a Palavra da Ciência a esses pobres diabos que não aceitaram ainda a Verdade Divina. Por que será que isso me lembra pregação religiosa? Vou aproveitar o mote da Verdade Divina Científica para falar um pouquinho do fanatismo evolutivo, com seus dogmas, suas certezas inquestionáveis e seus absurdos, que, como qualquer outra religião, é questão de fé, acredita quem quer.
A Teoria da Evolução (TE) de Darwin nos diz que as variações benéficas são mantidas de uma geração para outra. O neodarwinismo acrescentou a genética, que Darwin não conhecia, para fazer a síntese moderna da teoria. As variações genéticas seriam passadas de geração a geração. A TE já foi observada ocorrendo dentro da mesma espécie, como em tentilhões nas Ilhas Galápagos. Mas o título da principal obra de Darwin é A Origem das Espécies. Até hoje, não se pode comprovar que uma única espécie tenha surgido por mutação e seleção natural. Apenas moscas com asas maiores ou menores, aves com bicos mais ou menos espessos, mariposas brancas ou pretas. Mas em nenhum caso há informação nova. E esse é o principal problema.
Suponha que depois de oitocentas mil gerações de moscas, pareça uma com uma antena extra, que daria a esse indivíduo uma vantagem evolutiva. Pronto! Bastaria isso e seria plausível a TE como ela está. Infelizmente, até hoje não rolou. Mas não sejamos tão duros com o pobre Darwin. Imagine que nasça um olho debaixo da asa. Esse indivíduo teria uma séria desvantagem e morreria, mas tudo bem, a gente é paciente, espera mais oitocentas mil gerações e algo de bom deve vir. Mas isso também nunca aconteceu. E se a gente fosse ainda menos exigente? E se aparecesse qualquer estrutura? Qualquer coisa que a diferenciasse? Infelizmente, até hoje nada. E o exemplo das moscas é porque é possível esperar várias gerações, pois eles nascem e morrem muito rapidamente. Tudo o que se conseguiu até hoje foram moscas diferentes dentro da mesma espécie.
O problema é que não é possível criar informação nova a partir de informação antiga (DNA dos pais) e ruído (mutação). O que isso quer dizer? Em algum lugar do DNA está escrito faça uma asa:- pegue a proteína x- junte a proteína y- cozinhe por meia hora- etc. É como qualquer receita. Há informação ali. Imagine que você saiba fazer um bolo de chocolate. Farinha, açúcar, Nescau, manteiga, etc. O que os neodarwinistas querem é que você acredite que se variar um pouco a quantidade de farinha ou de açucar e misturar aleatoriamente tudo que tem na sua geladeira um dia você vai fazer um pão. Outro dia uma panqueca e daí para um bobó de camarão é um pulo. Eles tentaram, e a única coisa que saiu foi bolo mais ou menos açucarado, nada além disso.
Algumas pessoas nos EUA resolveram que não queriam ensinar isso a seus filhos. Quem são eles? Os fanáticos religiosos! E quem são os iluminados? As pessoas que não conseguem aceitar que a TE precisa urgentemente ser reformulada. Alguém precisa falar para os iluminados que não deu. Falta muita coisa. A ciência é assim mesmo. É feita de falhas e acertos. Precisa andar pra frente. Mas quando a religião começa a se meter demais, a ciência não sai do lugar. Nesse caso, a religião que está atrapalhando é o ateísmo militante.